segunda-feira, 25 de maio de 2009

e desta?




para as mulheres, os homens...e os outros?






mas que raio de públicidade é esta?
afinal, quem são os outros?
só conheço dois géneros/sexos de pertença...
independependentemente da sexualidade.
se não é um apelo à discrimanação,
e um incentivo à marginaização dos outros
não percebo qual o intuito "dos outros" nesta publicidade.
fica o desagrado, notificado, e tornado público.


segunda-feira, 18 de maio de 2009

Balada do Outono

"Àguas
E pedras do rio
Meu sono vazio
Não vão
Acordar
Àguas
Das fontescalai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Àguas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Àguas
Do rio correndo
Poentes morrendo
P'ras bandas do mar
Àguas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Àguas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar"

http://www.youtube.com/watch?v=y-UcmjEW11I&feature=related

José Afonso

terça-feira, 12 de maio de 2009

segunda-feira, 11 de maio de 2009

blues da piedade

"Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm
Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas mini certezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia
Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem."

Cazuza
"Esta manhã, antes do alvorecer,
subi numa colina para admirar o céu povoado,
E disse à minha alma:
Quando abarcarmos esses mundos
e o conhecimento e o prazer que encerram,
estaremos finalmente fartos e satisfeitos?
E minha alma disse:
Não, uma vez alcançados esses mundos
prosseguiremos no caminho."



Walt Whitman

domingo, 10 de maio de 2009

balada das descobertas

"Fomos a descobrir como entender
coisas tão simples de pensar
tudo o que é fácil é difícil Ter
e hoje o sol põe-se em Zanzibar
Ouvi dizer que o lugar mais escuro
é sempre debaixo da luz
vai por-se o sol, por ora ainda reluz
havemos de ir e de voltar
Diz-me que o lugar mais escuro
é sempre debaixo da luz
longe e mais longe
o que fiz
nem supus"

Sérgio Godinho


quarta-feira, 6 de maio de 2009

porque...



"Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não."

Sophia de Mello Breyner Andresen

Poeta Castrado Não!!!!!!!!!

"Serei tudo o que disserem por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário fogueira de exibição
teorema corolário poema de mão em mão
lãzudo publicitário malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!
Os que entendem como eu as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse sempre que faço um poema;
saudade que se partisse me alagaria de pena;
e também uma alegria uma coragem serena
em renegar a poesia quando ela nos envenena.
Os que entendem como eu a força que tem um verso
reconhecem o que é seu quando lhes mostro o reverso:
Da fome já não se fala - é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala num esqueleto de criança?
Do frio não reza a história - a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória de uma bomba de napalm?
E o resto que pode ser o poema dia a dia? -
Um bisturi a crescer nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer que é fonética a poesia!
Serei tudo o que disserem por temor ou negação:
Demagogo mau profeta falso médico ladrão
prostituta proxeneta espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!"

Ary dos Santos

Dez Reis de Esperança

"Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encostoda vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,viram,
e não perceberam,essas máscaras selectas,
antologia do espanto,flores sem caule,
flutuandono pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue."


António Gedeão