sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
***Quando um homem quiser***
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitros de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Música: Fernando Tordo
Letra: Ary dos Santos
Intérprete: Paulo de Carvalho
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Cá estamos nós outra vez...
sempre apanhaste o tal comboio?
eu já perdi dois ou três
entre o ócioo e as esquinas
ganhei o vício da estrada
neste outra encruzilhada
talvez agora a coisa dê
o passado foi à história
cá estamos nós outra vez
conheço a tua cara
mas não sei o teu nome
escrevo já aqui
nao sei o quê arroba ponto com
eu vou-te reencontrar
noutro bar de estação
ou talvez quando perder mais um avião
o barco vai de saida
tu estás tão bronzeada
é tão bom ver-te assim
ardendo tão queimada
eu quero reencontrar-te
noutra esquina qualquer
sem saber o teu nome
se ainda és mulher
quero reconhecer-te
e beber um café
dizer-te de onde venho
e perguntar-te porquê
sorrir-te cá do fundo
e subir os degraus
eu quero dar-te um beijo
a cinquenta e tal graus
sempre apanhaste o tal comboio
eu já perdi dois ou três
entre o ócio e as esquinas
ganhei o vício da estrada
neste outra encruzilhada
talvez agora a coisa dê
o passado foi à história
cá estamos nós outra vez
cá estamos nós outra vez...
Jorge Palma
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida
No teu poema existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
E, aberta, uma varanda para o mundo.
Existe a noite
O riso e a voz refeita à luz do dia
A festa da senhora da agonia
E o cansaço
Do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai
Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
Existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não recito
E os sonhos inquietos de quem falha.
No teu poema
Existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano
Existe um rio
O canto em vozes juntas, vozes certas
Canção de uma só letra
De um so destino a embarcar
O cais das novas nau das descobertas
Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai
Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
Existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo o mais que ainda escapa
E um verso em branco à espera de futuro."
interpretação de Carlos do Carmo, letra e música de José Luis Tinoco
http://www.youtube.com/watch?v=YqybC9jqxjA&feature=related
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Aqui tão perto de ti
A alma
Olho as cidades
Sem tempo
Cenários de vidas imaginadas
Distante do trabalho intenso
Mundos no tempo imaginado
Só eu o sei
Perdidos a entrada do labirinto
No meio da vastidão,
A poesia
De um dia a mais a viver
Janelas da alma
Sol do meio dia
Riquezas de quem não tem o que fazer
Cenários de vidas imaginadas
Festas de luz ao amanhecer
E se o amor
Bate as asas e voa sobre nós
Eu vou ser feliz
Hoje, amanhã e depois
E se o amor
Bate as asas e voa sobre nós
Eu vou ser feliz
Aqui tao perto de ti
No meio da vastidão,
A poesia
De um dia a mais a viver
Janelas da alma
Sol do meio dia
Riquezas de quem nao tem o que fazer
Cenários de vidas imaginadas
Festas de luz ao amanhecer
E se o amor
Bate as asas e voa sobre nós
Eu vou ser feliz
Hoje, amanhã e depois
E se o amor
Bates as asas e voa sobre nós
Eu vou ser feliz
Aqui tao perto de ti"
http://www.youtube.com/watch?v=5GsBwQgtRUg&feature=related
Donna Maria
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Bichos
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
operário em construção
Ah, homens de pensamento não sabereis nunca o quanto aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara um mundo novo nascia de que sequer suspeitava.
Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção cresceu também o operário. Cresceu em alto e profundo em largo e no coração e como tudo que cresce ele não cresceu em vão."
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
** sonhador **
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
"tenho mais almas que uma"
se penso ou sinto, ignoro
quem é que pensa ou sente.
sou somente um lugar
onde se sente ou pensa.
tenho mais almas que uma.
há mais eus que eu mesmo.
(...)"
Ricardo Reis
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
aos filhos de Capricórnio
a teimosia tá no ar
signo da terra, da percussão
a dúvida não tem lugar
signo de capricórnio, ser
ser como se fosse escalar
a montanha negra do dia a dia
não saberia sonhar
signo da segurança total
signo da persistência, e afinal
na versão mais infinita do ser
capricórnio inda precisa aprender
que da estranha forma do caracol
foi que se inventou a clave de sol
simbolismo do prazer
tudo mágica ser."
Oswaldo Montenegro
domingo, 2 de agosto de 2009
***aquarela***
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando contornando
A imensa curva norte sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando
é tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo
Sereno e lindo
E se a gente quiser
Ele vai pousar
Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América à outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
E depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
Que descoloriráE se faco chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
E que descolorirá"
http://www.youtube.com/watch?v=OldfklaNnM8&feature=related
terça-feira, 28 de julho de 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
Qualquer caminho leva a toda a parte
Qualquer caminho
Em qualquer ponto seu em dois se parte
E um leva a onde indica a estrada
Outro é sozinho.
Uma leva ao fim da mera estrada.
Pára Onde acabou.
Outra é a abstracta margem
......
No inútil desfilar de sensações
Chamado a vida.
No cambalear coerente de visões
.....
Ah! os caminhos estão todos em mim.
Qualquer distância ou direcção, ou fim
Pertence-me, sou eu.
O resto é a parte
De mim que chamo o mundo exterior.
Mas o caminho Deus eis se biparte
Em o que eu sou e o alheio a mim [...]"
Fernando Pessoa
segunda-feira, 20 de julho de 2009
...o que me dói...
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...
São as formas sem forma
Que passam sem que a dor
As possa conhecer
Ou as sonhar o amor.
São como se a tristeza
Fosse árvore e, uma a uma,
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma."
Fernando Pessoa
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Liberdade
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer !
Ler é maçada, Estudar é nada.
Sol doira Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não !
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
Mais que isto É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca..."
Fernando Pessoa
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Insônia
"Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.
Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite
-Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!
Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer!
Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo,
E o meu sentimento é um pensamento vazio.
Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam
- Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam
- Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada,
E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.
Não tenho força para ter energia para acender um cigarro.
Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo.
Lá fora há o silêncio dessa coisa toda.
Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer,
Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir.
(...)
Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir.
Sou uma sensação sem pessoa correspondente,
Uma abstração de autoconsciência sem de quê,
Salvo o necessário para sentir consciência,
Salvo - sei lá salvo o quê...
Não durmo.
Não durmo.
Não durmo.
Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma!
Que grande sono em tudo exceto no poder dormir!"
Álvaro de Campos
À Beleza
Miguel Torga
quinta-feira, 9 de julho de 2009
quarta-feira, 8 de julho de 2009
depus a máscara
...
...
...
Álvaro de Campos
sonho. não sei quem sou
Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me.
Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.
Se existo é um erro eu o saber.
Se acordo
Parece que erro.
Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.
Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém. "
Fernando Pessoa
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Caminho a teu lado mudo
"Caminho a teu lado mudo
Sim, hoje é um dia feliz.
E lembro-me em meia-amargura
Fernadno Pessoa
cada coisa
Não florescem no inverno os arvoredos,
Nem pela primavera
Têm branco frio os campos.
À noite, que entra, não pertence, Lídia,
O mesmo ardor que o dia nos pedia.
Com mais sossego amemos
A nossa incerta vida."
Ricardo Reis
terça-feira, 30 de junho de 2009
Bem, hoje que estou só e posso ver
Com o poder de ver do coração
Quanto não sou, quanto não posso ser,
Quanto se o for, serei em vão,
Hoje, vou confessar, quero sentir-me
Definitivamente ser ninguém,
E de mim mesmo, altivo, demitir-me
Por não ter procedido bem.
Falhei a tudo, mas sem galhardias,
Nada fui, nada ousei e nada fiz,
Nem colhi nas urtigas dos meus dias
A flor de parecer feliz.
Mas fica sempre, porque o pobre é rico
Em qualquer cousa, se procurar bem,
A grande indiferença com que fico.
Escrevo-o para o lembrar bem."
Fernando Pessoa
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Tenho tanto sentimento
Nos saberá explicar;
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
a queda
Caí...
Vácuo além de profundo,
Sem ter Eu nem Ali...
Vácuo sem si-próprio, caos
De ser pensado como ser...
Escada absoluta sem degraus...
Visão que se não pode ver...
Além-Deus! Além-Deus! Negra calma...
Clarão de Desconhecido...
Tudo tem outro sentido, ó alma,
Mesmo o ter-um-sentido..."
Fernando Pessoa
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Fácil de entender
Imaginei
Talvez por não saber o que será melhor,
Aproximei
Meu corpo é o teu corpo
o desejo entregue a nós
Sei lá eu o que queres dizer,
Despedir-me de ti
Adeus um dia voltarei a ser feliz
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei, o que é sentir,
se por falar falei
Pensei que se falasse
era fácil de entender
Talvez por não saber falar de cor,
Imaginei
Triste é o virar de costas, o último adeus
Sabe Deus o que quero dizer
Obrigado por saberes cuidar de mim,
Tratar de mim,
olhar para mim,
escutar quem sou,
e se ao menos tudo fosse igual a ti
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
não sei o que é sentir,
se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender
É o amor, que chega ao fim, um final assim,
assim é mais fácil de entender."
http://www.youtube.com/watch?v=12OYj_xZ3-U
sábado, 20 de junho de 2009
Súplica
quarta-feira, 17 de junho de 2009
vozes do mar
Num nervoso delíquio d´ouro intenso,
Donde vem essa voz cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?
Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?
Tens cantos d´epopéias?
Tens anseios
D´amarguras?
Tu tens também receios,
Ó mar cheio de esperança e majestade?!
Donde vem essa voz, ó mar amigo?……
Talvez a voz do Portugal antigo,
Chamando por Camões numa saudade! "
Florbela Espanca
http://www.youtube.com/watch?v=HGevWn_4tkU
segunda-feira, 15 de junho de 2009
O Poema
"O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo"
Sophia de Mello Breyner Andresen
Princesa Desalento
Como um Poeta lhe chamou, um dia.
É magoada, e pálida, e sombria,
Como soluços trágicos do vento!
É fágil como o sonho dum momento;
Soturna como preces de agonia,
Vive do riso duma boca fria:
Minh'alma é a Princesa Desalento...
Altas horas da noite ela vagueia...
E ao luar suavíssimo, que anseia,
Põe-se a falar de tanta coisa morta!
O luar ouve minh'alma, ajoelhado,
E vai traçar, fantástico e gelado,
A sombra duma cruz à tua porta..."
Florbela Espanca
domingo, 14 de junho de 2009
longe do mundo
Se estás ai ou não
Eu não sei se compreendes
Esta oração
Se eu p'ra ti sou uma estranha
Que o coração perdeu
É ao ver-te que eu pergunto
Se ja foste como eu
Longe do mundo, perto de ti
Peço conforto de quem eu fugi
Perdida, esquecida eu oro a ti
Longe do mundo mas perto de ti
Peço conforto e nada mais
Na voz dos que sofrem padecem sinais
Vêm de longe e chegam por fim
Quem vai ouvi-los? quem sofre assim?
Eu não sei se vais lembrar-te
De um coração tão só
Coração tão vagabundo
Que perde, chora, todos os dias
Longe do mundo mas perto de ti
Peço conforto de quem eu fugi
Venho de longe e chego por fim
Quem vai ouvir-me chama assim
Perdida, esquecida, aqui ao orar
Longe do mundo mas perto de ti...
http://www.youtube.com/watch?v=J5kpKVhkCCk
quarta-feira, 3 de junho de 2009
segunda-feira, 25 de maio de 2009
e desta?
afinal, quem são os outros?
só conheço dois géneros/sexos de pertença...
independependentemente da sexualidade.
se não é um apelo à discrimanação,
e um incentivo à marginaização dos outros
não percebo qual o intuito "dos outros" nesta publicidade.
fica o desagrado, notificado, e tornado público.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Balada do Outono
E pedras do rio
Meu sono vazio
Não vão
Acordar
Àguas
Das fontescalai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Àguas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Àguas
Do rio correndo
Poentes morrendo
P'ras bandas do mar
Àguas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Àguas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar"
http://www.youtube.com/watch?v=y-UcmjEW11I&feature=related
José Afonso
terça-feira, 12 de maio de 2009
segunda-feira, 11 de maio de 2009
blues da piedade
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm
Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas mini certezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia
Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem."
Cazuza
domingo, 10 de maio de 2009
balada das descobertas
Sérgio Godinho
quarta-feira, 6 de maio de 2009
porque...
"Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não."
Sophia de Mello Breyner Andresen
Poeta Castrado Não!!!!!!!!!
cabeçudo dromedário fogueira de exibição
teorema corolário poema de mão em mão
lãzudo publicitário malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!
Os que entendem como eu as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse sempre que faço um poema;
saudade que se partisse me alagaria de pena;
e também uma alegria uma coragem serena
em renegar a poesia quando ela nos envenena.
Os que entendem como eu a força que tem um verso
reconhecem o que é seu quando lhes mostro o reverso:
Da fome já não se fala - é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala num esqueleto de criança?
Do frio não reza a história - a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória de uma bomba de napalm?
E o resto que pode ser o poema dia a dia? -
Um bisturi a crescer nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer que é fonética a poesia!
Serei tudo o que disserem por temor ou negação:
Demagogo mau profeta falso médico ladrão
prostituta proxeneta espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!"
Ary dos Santos
Dez Reis de Esperança
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encostoda vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,viram,
e não perceberam,essas máscaras selectas,
antologia do espanto,flores sem caule,
flutuandono pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue."
António Gedeão
quarta-feira, 29 de abril de 2009
e de repente...
A sensação foi tão forte, tão boa...e tudo por causa desta música!
"Um dia a areia branca
Teus pés irão tocar
E vai molhar seus cabelos
A água azul do mar
Janelas e portas vão se abrir
Pra ver você chegar
E ao se sentir em casa
Sorrindo vai chorar
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade
De ficar mais um instante
As luzes e o colorido
Que você vê agora
Nas ruas por onde anda
Na casa onde mora
Você olha tudo e nada
Lhe faz ficar contente
Você só deseja agora
Voltar pra sua gente
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade
De ficar mais um instante
Você anda pela tarde
E o seu olhar tristonho
Deixa sangrar no peito
Uma saudade, um sonho
Um dia vou ver você
Chegando num sorriso
Pisando a areia branca
Que é seu paraíso
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade
De ficar mais um instante"
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Poema para Galileo
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos."
António Gedeão
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Cavalo à solta
Meu poema feito de gomos de saudade
Minha pena pesada e leve
Secreta e pura
Minha passagem para o breve
Breve instante da loucura
Minha ousadia, meu galope, minha rédia,
Meu potro doido, minha chama,
Minha réstia de luz intensa, de voz aberta
Minha denúncia do que pensa
Do que sente a gente certa
Em ti respiro, em ti eu provo
Por ti consigo esta força que de novo
Em ti persigo, em ti percorro
Cavalo à solta pela margem do teu corpo
Minha alegria, minha amargura,
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha laranja amarga e doce
Minha espada, meu poema feito de dois gumes
Tudo ou nadaPor ti renego, por ti aceito
Este corcel que não sussego
À desfilada no meu peito
Por isso digo canção castigo
Amêndoa, travo, corpo, alma
Amante, amigo
Por isso canto, por isso digo
Alpendre, casa, cama, arca do meu trigo
Minha alegria, minha amargura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha ousadia, minha aventura
Minha coragem de correr contra a ternura"
quarta-feira, 1 de abril de 2009
o caminho faz-se caminhando
"Caminhante, são teus rastos
terça-feira, 31 de março de 2009
"Faz parte"
Pousas o mundo no chão
Largue os medos na estrada
E desmontas cada peça
De que é feito o coração
Deixas lá fora o cansaço
Desarmas a solidão
Brindas sonhos ao relento
Como quem junta os pedaços
Entre a loucura e a razão
Faz parte ser um pouco perdido
Faz parte começar outra vez
Faz parte ir atrás dos sentidos
E voar a sentir o mundo na ponta dos pés
Guardas a vida nos braços
Pousas os dias no chão
Brinda sonhos ao relento
Como quem junta os pedaços
De quem é feito o coração
Trazes o tempo desfeito
No que procuras em ti
Se olhares no fundo do peito
Saberás quem és
Mesmo até ao fim
Faz parte ser um pouco perdido
Faz parte começar outra vez
Faz parte ir atrás dos sentidos
E voar a sentir o mundo na ponte"
Mafalda Veiga
Obrigada Tânia :)
sexta-feira, 27 de março de 2009
OPINIÕES
Ontem, numa de muitas viagens de comboio tive desprazer de dar de caras com um cartaz que tinha como "manchete" a frase acima escrita. Confesso que me incomodou, esta necessidade de afirmação, a meu ver, feita pela negativa.
As mulheres não são mais, nem menos que os homens, não fazem nada melhor ou pior. são apenas capazes de fazer um pouco de tudo assim como nos homens... A diferença (e a aceitação da mesma) não requer tanta competição, aliás, não pede competição alguma! Ser mulher e ser homem é diferente, são mundos/ formas de estar e de pensar diferentes (como em muitos outros contextos).
Não existem duas pessoas iguais, independentemente do sexo a que pertencem, não tem (para mim) sentido reclamar direitos iguais, mas sim o respeito por todos, enquanto seres humanos ( pois se houver respeito, os nossos direitos estão assegurados).
Não encontro nada de prejorativo em termos papéis sociais diferentes.
Não me sinto menos capaz por ser mulher...
E não são as mulheres que fazem a democracia melhor, mas sim todos juntos, num caminho para a aceitação da diferença, seja ela qual for ( sexo, género, idade, etnia,,,cultura).
segunda-feira, 23 de março de 2009
valsinha
Valsinha(Chico Buarque e Vinícius de Moraes)
Um dia ele chegou tão diferente
Do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito muito mais quente
Do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto
Quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto
Pra seu grande espanto convidou-a pra dançar
E então ela se fez bonita
Como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado
Cheirando a guardado de tanto esperar
Depois o dois deram-se os braços
Como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça
E começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança
Que a vizinhanca toda despertou
E foi tanta felicidade
Que toda cidade enfim se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu em paz
Sensibilidades...
"O mundo é de quem não sente. A condição essencial para se ser um homem prático é a ausência de sensibilidade. A qualidade principal na prática da vida é aquela qualidade que conduz à acção, isto é, a vontade. Ora há duas coisas que estorvam a acção - a sensibilidade e o pensamento analítico, que não é, afinal, mais que o pensamento com sensibilidade. Toda a acção é, por sua natureza, a projecção da personalidade sobre o mundo externo, e como o mundo externo é em grande e principal parte composto por entes humanos, segue que essa projecção da personalidade é essencialmente o atravessarmo-nos no caminho alhieo, o estorvar, ferir e esmagar os outros, conforme o nosso modo de agir.
Para agir é, pois, preciso que nos não figuremos com facilidade as personalidades alheias, as suas dores e alegrias. Quem simpatiza pára. O homem de acção considera o mundo externo como composto exclusivamente de matéria inerte - ou inerte em si mesma, como uma pedra sobre que passa ou que afasta do caminho; ou inerte como um ente humano que, porque não lhe pôde resistir, tanto faz que fosse homem como pedra, pois, como à pedra, ou se afastou ou se passou por cima."
"Uma certa vivacidade de impressões, mais directamente dependentes da sensibilidade física, decresce com a idade. Ao chegar aqui, e sobretudo depois de ter aqui passado alguns dias, não senti, desta vez, essas vagas de tristeza ou de entusiasmo que este local me costumava comunicar, e cuja recordação, depois, me era tão doce. Deixá-lo-ei, se calhar, sem a pena que outrora sentia. O meu espírito, por seu turno, tem hoje uma segurança muito maior, uma maior capacidade de fazer associações e de se exprimir; a inteligência cresceu, mas a alma perdeu parte da sua elasticidade e irritabilidade. E porque é que, ao fim e ao cabo, não partilhará o homem o destino comum de todos os outros seres? Ao pegarmos num fruto delicioso, será justo pretender respirar ao mesmo tempo o perfume da flor? Foi preciso passar pela subtil delicadeza da nossa sensibilidade juvenil para chegar a esta segurança e maturidade do espírito. Talvez os grandes homens - é o que eu penso - sejam aqueles que, numa idade em que a inteligência possui já a sua plena força, ainda conservam parte dessa impetuosidade das impressões, que é própria da juventude."
domingo, 22 de março de 2009
"the long way home"
Supertramp
So you think you're a Romeo
Playing a part in a picture-show
Take the long way home
Take the long way home
Cos you're the joke of the neighborhood
Why should you care if you're feeling good
Take the long way home
Take the long way home
But there are times that you feel you're part of the scenery
All the greenery is comin' down, boy
And then your wife seems to think you're part of the furniture
Oh, it's peculiar, she used to be so nice
When lonely days turn to lonely nights
You take a trip to the city lights
And take the long way home
Take the long way home
You never see what you want to see
Forever playing to the gallery
You take the long way home
Take the long way home
And when you're up on the stage, it's so unbelievable
Unforgettable, how they adore you
But then your wife seems to think you're losing your sanity
Oh, calamity, is there no way out?
Althought you feel that you life's become a catastrophe
Oh, it has to be for you to grow,
boyWhen you look through the years and see what you could have been
Oh, what you might have beenIf you'd had more time
So, when the day comes to settle down
Who's to blame if you're not around?
You took the long way home
You took the long way home"
sexta-feira, 20 de março de 2009
quarta-feira, 18 de março de 2009
"contradigo a mim mesmo porque sou vasto"
"Esta manhã, antes do alvorecer,
subi numa colina para admirar o céu povoado,
E disse à minha alma:
Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento
e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?
E minha alma disse:
Não, uma vez alcançados esses mundos
prosseguiremos no caminho."
Walt Whitman
"Full of life, now, compact, visible,
I, forty years old the eighty-third Year of The States,
To one a century hence, or any number of centuries hence,
To you, yet unborn, these, seeking you.
When you read these,
I, that was visible, am become invisible;
Now it is you, compact, visible, realizing my poems, seeking me;
Fancying how happy you were, if I could be with you, and become your comrade;
Be it as if I were with you.
(Be not too certain but I am now with you.)"
Walt Whitman
segunda-feira, 16 de março de 2009
"a vida é feita de pequenos nadas"
na terça-feira acordei impaciente
na quarta-feira vi os meus braços revoltados
na quinta-feira lutei com a minha gente
na sexta-feira soube que ia continuar
no sábado fui à feira do lugar
mais uma corrida, mais uma viagem
fim-de-semana é para ganhar coragem)
Muito boa noite, senhoras e senhores
muito boa noite, meninos e meninas
muito boa noite, Manuéis e Joaquinas
enfim, boa noite, gente de todas as cores e feitios e medidas
e perdoem-me as pessoas que ficaram esquecidas
boa noite, amigos, companheiros, camaradas
a vida é feita de pequenos nadas
a vida é feita de pequenos nadas
(...)
Ouvi dizer que quase tudo vale pouco
quem o diz não vale mesmo nada
porque não julguem que a gente vai ficar aqui especada
à espera que a solução seja servida
em boião com um rótulo: Veneno!
é para tomar desde pequeno às colheradas
a vida é feita de pequenos nadas
boa noite, amigos, companheiros, camaradas
a vida é feita de pequenos nadas."
Sérgio Godinho
sexta-feira, 13 de março de 2009
great pretender
"Oh yes
i'm the great pretender
Pretending I'm doing well
My need is such
I pretend too much
I'm lonely but no one can tell
Oh yes
I'm the great pretender
Adrift in a world of my own
I play the game
but to my real shame
You've left me to dream all alone
Too real is this feeling of make believe
Too real when I feel what
my heart can't conceal
Oh yes
I'm the great pretender
Just laughing and gay like a clown
I seem to be what I'm not
I'm wearing my heart like a crown
Pretending that you're still around
Too real when I feel what
my heart can't conceal
Oh yes I'm the great pretender
Just laughing and gay like a clown
I seem to be what I'm not, you see
I'm wearing my heart like a crown
Pretending that you're"
quinta-feira, 12 de março de 2009
(...)"meus fantasmas"
quarta-feira, 11 de março de 2009
coffee break
segunda-feira, 9 de março de 2009
"com uma viagem na palma da mão"
Marta
e a saia rodada
escancaraste a porta do bar
trazias o cabelo aos ombros
passeando de cá para lá
como as ondas do mar.
Conheço tão bem esses olhos
e nunca me enganam,o que é que aconteceu, diz lá
é que hoje fiz um amigo
e coisa mais preciosa no mundo não há.
Com um brilhozinho nos olhos
metemos o carro
muito à frente, muito à frente dos bois
ou seja, fizemos promessas
trocamos retratos
trocamos projectos os dois
trocamos de roupa, trocamos de corpo,
trocamos de beijos, tão bom, é tão bom
e com um brilhozinho nos olhos
tocamos guitarra p'lo menos a julgar pelo som
E que é que foi que ele disse?
E que é que foi que ele disse?
Hoje soube-me a pouco.
passa aí mais um bocadinho
que estou quase a ficar louco
Hoje soube-me a tanto portanto,
Hoje soube-me a pouco
Com um brilhozinho nos olhos
corremos os estores
pusemos a rádio no "on"
acendemos a já costumeira
velinha de igreja
pusemos no "off" o telefone
e olha, não dá p'ra contar
mas sei que tu sabes
daquilo que sabes que eu sei
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos parados depois do que não te contei
Com um brilhozinho nos olhos
dissemos, sei láo que nos passou pela tola [o que nos passou pelo goto]
do estilo és o "number one"
dou-te vinte valores
és um treze no totobola [és o seis do meu totoloto]
e às duas por três
bebemos um copo
fizemos o quatro e pintámos o sete
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos imóveis
a dar uma de "tête a tête"
E que é que foi que ele disse?...
E com um brilhozinho nos olhos
tentamos saber
para lá do que muito se amou
quem éramos nós
quem queríamos ser
e quais as esperanças
que a vida roubou
e olhei-o de longe
e mirei-o de perto
que quem não vê caras
não vê corações
com um brilhozinho nos olhos
guardei um amigo
que é coisa que vale milhões."
Sérgio Godinho
sexta-feira, 6 de março de 2009
dente de leão
belo
delicado
desejado
frágil
ou simplesmente...
dente de leão...
ou simplesmente
metáfora
ou o que quiseres que seja
quinta-feira, 5 de março de 2009
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
...
porque quando me amei de verdade percebi que não precisava das certezas pelas quais corria, e pelas quais não dormia.
compreendi que viver um dia de cada vez faz sentido e não tem grande ciência, se me amar de verdade...
compreendi também que com as pedras do meu caminho não vou construir um castelo que me proteja de tudo e todos, nem que mostre o quanto e como cresci, mas sim um passeio bem largo, que permita que todos voltem a mim e que contem comigo.
que o percorram sempre que precisarem de um ombro.
mesmo cansada, esgotada...esse ombro lá estará, com esse passeio a facilitar o caminho para quem precisar ou para quem, simplesmente, apreciar a companhia.
quando me amei de verdade percebi que tudo vale a pena
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
"quando me amei de verdade"...
quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, o meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou a ir contra as minhas verdades... hoje sei que isso é autenticidade.
quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento... hoje chamo a isso... amadurecimento.
quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou que a pessoa não está preparada, inclusivé eu mesmo... hoje chamo a isso respeito.
quando me amei de verdade comecei a despir-me de tudo o que não era saudável: pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me deitasse a baixo. inicialmente a minha razão chamou a isso
egoísmo...hoje sei que se chama amor-próprio.
quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projectos megalómanos de futuro.
hoje faço que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo... hoje sei que isso é simplicidade.
quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e com isso, errei menos vezes...hoje descobri a humildade.
quando me amei de verdade, desisti de reviver o passado e de me preocupar com o futuro. agora mantenho-me no presente, que é onde a vida acontece... hoje vivo um dia de cada vez e isso é plenitude.
quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode atormentar-me e decepcionar-me, mas quando a coloco ao serviço do coração ela torna-se grande e valiosa...tudo isto é... saber viver!!!"
Charles Chaplin
"Oh God, make me good, but not yet!!!!!!!"
a intensidade destas características, em mim, varia...com o sol.
não, não é com o Sol, mas podia.
limita-se a variar com o estado de espírito, com as influências externas, com os outros, o que me dão e o que sinto que dou.
hoje, e desta vez digo que foi mesmo por causa do sol, senti-me genuinamente bem; comigo, com os outros...em plena harmonia com o universo.
a juntar a isto, alguém me disse hoje a frase que dá título a esta comentário e considerei que nada podia descrever melhor o meu estado de espírito.
sei que tenho muito a crescer, muito a melhorar, muito a aprender...mas enquanto der, deixo-me ficar assim, ao sabor do vento, com o brilho dos raios solares...
Carpe Diem...
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
hello sunshine!!!!!!
apesar de adepta ferranha do inverno adoro o sol; e sol com frio...
é provavelmente quase um fetiche.
o dia de hoje está lindo,as noites têm estado estreladas...esta tempo de meia estação é lindo!
"Hello sunshine!
Will old darkness be my friend?
Hello sunshine!
To this you can put an end
Hello sunshine!
Why don't you please come around
Hey there sunshine!
Don't let me down
Hey there sunshine!
Please come around
Hey there sunshine!
My friend!Hey hey hey!
Hello dark cloudsI don't want you round no more
Hello tear drops
Why don't you stay from my door
Hello troubles
I can't stand your face for sure
Hey there sunshine!
Don't let me down
Hey there sunshine!
Please come around
Hey there sunshine!
Hello sunshine!
Will old darkness be my friend?
Hello sunshine!
To this you can put an end
Hello sunshine!
Why don't you please come around
Hey there sunshine!
Don't let me down
Hey there sunshine!
Please come around
Hey there sunshine!
Hello sunshine!
Sunshine, I need you!
Hey hey hey!I've gotta help you - hello sunshine!
When I'm down now.
Said I need you! Hello sunshine!
Please come around now! Hey hey hey!"
Jimmy Cliff
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
eu sei...
isto até podia dar que pensar =)
seja como for, a letra é lindíssima e a voz da cantora, delicada, doce, suave...
tudo o resto, acho que posso dizer, que é uma filosofia!
eu sei...
"Se eu voar, sem saber onde vou...
Se eu andar, sem conhecer quem sou...
se eu falar, e a voz soar com a manha
Eu sei...
Se eu beber dessa luz que apaga a noite em mim,
E se um dia eu disser que ja nao quero estar aqui,
Só Deus sabe o que vira,
Só Deus sabe o que sera,
Nao ha outro que conhece tudo o que acontece em mim!
Se a tristeza é mais profunda que a dor..
Se este dia ja nao tem sabor...
E no pensar que tudo isto ja pensei...
Eu sei...
Se eu beber dessa luz que apaga a noite em mim,
E se um dia eu disser que ja nao quero estar aqui,
na incerteza de saber o que fazer, o que querer,
Mesmo sem nunca pensar, que um dia vais pensar...
Nao ha outro que conhece tudo o que acontece em mim...!"
Sara Tavares
http://www.youtube.com/watch?v=WMYhi17Zw2M
Dostoiévski...
o livro é " O Duplo" de Fiódor Dostoiévski, deliciem-se...
"eram quase oito da manhã quando o conselheiro titular Iakóv Petróvitch Goliádkin acordou do seu longo sono, bocejou, se esperguiçou e, finalmente, abriu por completo os olhos. (...)
já se lhe apresentava familiar o verde-sujo das paredes poentas e fuliginosas do seu quartinho, e também a sua cómoda de mogno, a mesa pintada de vermelho, o divã turco de oleado ruivo com florinhas verdes e, por fim a roupa despida apressadamente na véspera e atirada num monte para cima do divã. (...)
feita esta descoberta importante, o senhor Goliádkin fechou convulsivamente os olhos, como que lamentando a perda do sono recente e desejando fazê-lo voltar por um bocadinho. porém, não tardou um minuto e já pulava da cama, como se tivesse acertado no que tinha de fazer..."
por aqui continua o livro, com descrições maravilhosas, e com uma escrita, enfim...característica do autor.
desfrutem do prazer de um livro
=)
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
How can you lose your song?
When you have sung it for so long?
How can you forget your dance, your dance
When THAT dance is all you ever had?
It must be, it must be true
You can’t SEPARATE THE TWO
Oh no, you can’t It’s impossible to
do JUST like the salt in the stew
Oh my, it’s all
A part of you
One thing that life cannot do
Life can’t do it NO It
can’t take your song from you
So when life brings a chance, a chance
For you to give your part,
TO give your part away
Don’t just stand there
FEELING scared Don’t be afraid
'Cause there could be a treasure right there
Now listen, listen to THE truth
It does not matter, doesn’t matter what
TO do Still gonna BE you
Just like the salt in the stew
Yeah, it’s all A part of you And one thing,
the one thing that life cannot do
Hey, hey, hey, can’t do it
NO It can´t take your song from you
Life can’t take it, you DON’T give it
Life can’t take it It can´t take your song from you!"
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